Páginas

terça-feira, 13 de julho de 2010

Que merda, Borba!



Parece que eu tô vendo Borba chegar aqui na Brava gritando, estabanado, todo desajeitado... Gordo que só e sem se cuidar de jeito nenhum. Às vezes me dava uma raiva... Eu precisando de concentração e Maurício Borba trazendo sua alegria para invadir impunemente a minha sisudez. Era o mais inconveniente e mais feliz de todos os fotógrafos. Mas gente sisuda só tem alegria em horas marcadas.

José Nilton Maurício Borba Costa não tinha maldade no coração. Ele era apenas um cara sem-noção e muito feliz. Mais feliz do que muitos de nós, com certeza. E muita gente tinha dívidas com ele (não apenas eu). Um fotógrafo de Caruaru uma vez me perguntou se eu conhecia Maurício Borba. Quando eu disse que sim, ele falou: “pois diga a ele que de dez anos para cá tenho sido muito grato pela ajuda”. Não perguntei nada, apenas dei o recado e Borba disse: ”aquele cara é muito gente boa”.

A única coisa em que consigo pensar agora, antes de ir ao enterro dele é que não deu tempo. Já parou pra pensar que nunca dá tempo de a gente dizer às pessoas o quanto elas são importantes? Estamos sempre trabalhando e muito ocupados para a felicidade.

Os eventos não serão mais os mesmos sem Borba atrás de mim para querer tirar uma foto enquanto eu reclamava: não quero, não sou fotogênica. Porra, Borba! Só aquele FDP sabia tirar fotos minhas. São deles todas as fotos que uso em entrevistas. E eu pedia para ele não usar o photoshop e ele dizia: "não é photoshop, só vou jogar uma luz em cima". Eu fingia que acreditava e ele fingia que tinha me convencido.

Borba era um ser conectado, participava de tudo quanto é rede social e divulgava o trabalho de muita gente. Fui procurar um depoimento que ele fez para mim no Orkut e, não sei por que, não estava mais lá. Isso doeu também. Vez por outra, ele deixava um pensamento ou um poema no MSN dos amigos. Para mim, o último que ele deixou faz uns três ou três meses e era de Cecília Meireles: “Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre”.

Hoje, para mim, o MSN não tem graça, o Facebook pode acabar, as mensagens podem ser apagadas, não tenho vontade de tuitar e quero é que o mundo on-line se dane. Eu quero é vida real! Mais tarde, tomo uns chopps em homenagem a ele, que era chamado carinhosamente por nós, da Brava Comunicação, de Borboroso (uma mistura de horroroso e asqueroso). E vou refletir sobre e a vida e a morte. Que merda tu fizesse, Borba!

5 comentários:

  1. É Aninha... não parece mas foi verdade... Mas assim mesmo, com toda a Joselice dele, vou sentir falta de saber que eu poderei encontrar ele de novo, nem que seja para esculhambar aquele notebook nojento cheio de defeitos dele... Que Deus, em sua infinita bondade, o guarde na palma de Sua mão... Pra você, muita luz e paz.

    ResponderExcluir
  2. Este era Maurício, até parece que estou vendo a cena...rsrsss...Ele era assim mesmo, se não fosse assim, não seria ele.Só alegria!

    ResponderExcluir
  3. Obrigada Ana, pelo carinho com o meu irmão. A família fica honrada com esta homenagem, é bom saber que muitos o admiravam tanto profissionalmente com pessoalmente.Esta é uma forma sensível de acalentar os nossos corações.
    Muito obrigada, minha amiga. Pois, amigo do nosso irmão será sempre nossos amigos,que ñ conheçamos. Nos costumávamos dizer:Quem trata bem um irmão meu,trata bem a mim.
    Fica com Deus!

    ResponderExcluir
  4. Ele era assim mesmo alegre e nos convencia a tirar fotos!!
    Me viu crescer e aprendi a ama-lo pelo seu jeito divertido,carinhoso e humilde.
    Excelente profissional e tudo q sempre nos passou foi mto Amor!!
    Ele estará sempre vivo em nossos corações,pensamentos e em nossas vidas!
    Eu sempre te amarei amigo!!!

    ResponderExcluir
  5. eu vou sempre te ama meu meu irmão querido. Marcelo Borba

    ResponderExcluir