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sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Poema Salão: Do Medo e Do Novo ou Poema Loquaz

Há um gosto insólito
no final do vinho quente,
mas, há pouco de embriaguez
no teu romance de outono.

Não há nada de casto
em teus olhos ígneos.
Só resvalas lascívia
no canto de minha boca.

Sobrava-me o corpo mudo
no agreste de uma menina
cultuando ainda o deus-incerto.

Verde fascínio entre-olhos:
que se mostra à sombra
o insaciável da saliva que não secou.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Avessos

Eu sou eu e minhas saudades
Pairando entre espinhos e flores
Se é leveza ou intensidade?
Eu sou eu e meus amores.

Eu sou eu e meus amigos
E são tantos e tão poucos
Onde tenho carinho e abrigo
E onde não cala o grito rouco.

Eu sou eu e meu sonho imperfeito
E os sonhos que ainda virão
Eu sou eu e meus defeitos
Os que tenho e os que me dão.

Eu sou eu e minha vida
Que só se mostra, em verdade,
Quando se sana a ferida
E por mais que haja vontade
E por mais que haja partida,
Eu sou eu e minha liberdade

Fim de novo

Escrevo letras de lágrimas
Com o sono da saudade grande
Tão imensa quanto a incerteza
De saber onde o sol se esconde
Talvez me encontre na lástima,
A da profunda certeza
A de recuar não sei onde
Ao me pesar a leveza.

Só por hoje, não sei amanhã,
Serei inimiga da noite
E suas horas de tormenta
Sem qualquer palavra sã,
Como equilíbrio que não se sustenta.

Horas a pensar em ti
Em tempos que não se cruzaram
E um alento que não compensa.
E mente quem pensa que pensa
Fica com as sobras que em mim restaram...

Se fecho os olhos, em ti penso
Se durmo, estou contigo
Se levanto, ainda não sinto
Que tu me deixaste, amigo.

Não consigo

Sonho um sonho que vejo no longe
Tento aproximar-me e ele foge
Corro e ele é mais rápido
Às vezes, desisto
Por vezes, resisto.
E ele retorna.
Sonho de dúvidas
E insatisfações
Realizações instantâneas
Buscas intermináveis
E incertezas.
Muitas incertezas.
Chega, sonho!
Chega de sonho!