Páginas

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Era para relaxar, mas...

O tempo vai passando e eu vou descobrindo que cada dia eu tenho mais coisa para aprender. Até um dia desses, eu me considerava uma pessoa mente aberta, livre das frescuras da sociedade. Mas um SPA na Ilha da Madeira mudou meus conceitos e me fez sentir o cérebro mais retrógrado do universo. Em primeiro lugar, digo logo que não sou dessas pessoas que relaxam fácil. Sou estressada, agitada, com algum déficit de atenção também. Não é que eu tenha Transtorno Obsessivo Compulsivo, mas é que eu gosto das coisas alinhadas, organizadas.

Pois eis que meu marido me leva para o tal Spa do Vinho, aqui mesmo no Hotel The Vine, onde estamos hospedados com o objetivo de relaxar. Fomos fazer uma massagem e logo na chegada, a moça já fala com aquela voz de freira do Damas: pausada que dava agonia, parecia uma reza. Eu já tinha entendido que era para colocar o robe e aguardar em uma a área de relaxamento, mas ela fez ques-tão de di-zer tu-do is-so deeee-vaaaaa-gaaaaar. Desesperador para mim. Quase que eu finalizo a conversa com um Amém.



Lá estava eu de robe roxo, sapato roxo indo para uma sala toda escura com dois painéis representando duas uvas. O cão de feio. Meu marido se derramou na espreguiçadeira e em pouco tempo começou a ressonar. Que inveja eu tenho de quem deita e dorme... Eu fiquei agoniada, sem saber a que horas iriam me chamar para a massagem. Vê que absurdo: colocam você num salão escuro, sem dizer o que fazer para relaxar e não dizem o tempo para ficar lá dentro. Sem relógio, comecei a imaginar se já se haviam passado cinco minutos ou meia hora...

O ambiente era grande, uns 60m2, mas eu fiquei claustrofobizada mesmo assim, porque era tudo escuro e as paredes ainda eram pretas. Eu não conseguia relaxar, CLARO QUE EU NÃO IA RELAXAR NAQUELE INFERNO. Aliás, eu não relaxo nunca! Balançando as pernas, fui procurar uma revista para ler. Mas como ninguém tinha me dito que tinha que ler, eu não tinha levado meus óculos. Que absurdo não me avisarem que é preciso ler para relaxar. O pior de tudo era a música, que bem poderia ser batizada de 9ª Sinfonia do Inferno Hindu. Por que que essas musiquinhas são chatas no mundo inteiro? Para piorar a situação, um barulho de cachoeira aumentava meu drama. Era lá na Jacuzzi. Tentei contar carneirinhos, mas eu comecei a ver bodes, deu fome e foi pior... Imaginava buchadas pulando cercas, cervejas geladas saltando também, sarapatel e uma costelinha do caprino por sobre a cerquinha.

Barriga roncando, marido ressonando de um lado, o inferno hindu na caixa de som, o barulho da cachoeira e eu completamente estressada. Por que não me avisaram que tinha essa espera? Porque aí eu tinha levado meu computador e tinha ficado tudo bem. Quando eu menos esperasse, a moça iria me chamar. Mas não... desgraça pouca é bobagem.. Já ouviram falar que mente parada é esconderijo do diabo? Pois o satanás tava comendo meu juízo. Eu comecei a pensar coisas ruins. E se houvesse um terremoto ou um incêndio ali, para onde eu iria? Procurei um extintor de incêndio e nada, nadinha. Montei um plano de fuga na minha cabeça (contando o tempo que levaria para acordar meu marido) e fui tentar me concentrar no painel das uvas. Foi pior.

As gráficas brasileiras são melhores que as portuguesas, pois a foto tava super mal impressa, fora de registro, com os pontos estourados. Talvez eu pudesse montar uma agência de comunicação na Ilha da Madeira, quem sabe... Lá estava eu pensando em trabalho. Quando fui examinar de pertinho o painel, eis que vejo um casal peladinho da silva na sauna. Oxen, que diabos de SPA é esse, minino? No Ceará não tem disso não! Acordei o marido e ele, em transe disse: ah, liga não, relaxa aí. Ai como eu tenho raiva de quem me manda relaxar. Comecei a ficar nervosa e ficava ainda mais estressada quando as massagistas passavam para lá e para cá com umas pedrinhas quentes. Elas diziam que eram pedras vulcânicas, mas pra mim era tudo xêxo.

Estava a ponto de correr dali quando a massagista com cara de mãe-de-santo indiana nos chamou. Ai, finalmente! Pensei em nunca mais pisar ali, mas como a massagem foi boa, marquei outra para o dia seguinte.

Fui sozinha, pois o marido quis dormir. Fiquei com medo de encontrar o casal de novo, mas ai eu já estava descolada: levei óculos e computador. Nada me desconcentraria naquele SPA rilécs. Entrei nas vestiárias e a mulher me deu uma tanguinha de papel, para o caso de eu querer ir para o tal banho turco, nossa sauna. Mai oia pra isso, só eu merma... Eu já tava com meu maiôzão abafa tudo e ninguém iria olhar meu lindo corpo agreste, branco leite e lipoaspirado.

Tirei o robe, liguei o computador e fui lá falar com o povo da Brava. Daqui a pouco, passa o casal pelado de novo e deita nas espreguiçadeiras a meu lado. Uns cinco minutos depois, entra um senhor de uns 60 anos, bonitão ele. Olha para todos, dá um gudívenin, tira o robe, pega uma água mineral e entra na sauna, com tudo de fora. Tentei não olhar, mas é impossível. Fui pegar uma água também e me deparei com um lindo cacho de uvas do lado. Arranquei, pus na boca e era de plástico. Como é que colocam uvas de plástico ao lado de água de verdade? Voltei para o meu canto e o casal entrou na Jacuzzi, o homem da bunda branca tava na sauna e uma senhora entra e fica do meu lado querendo puxar conversa. Dei trela não. Coloquei o computador do lado e fui tentar fechar os olhos para ver se o tempo passava logo.

Mas o povo andava, ria e eu ficava na curiosidade. Tava com um olho aberto e outro fechado, olhando todos os movimentos. Tentei abrir a web cam para mostrar a uma amiga aquela viagem, mas eis que a massagista vem me chamar. Perguntei a ela se o povo andava nu assim mesmo e ela disse que só quem quisesse. Mas que não havia problemas se eu ficasse de roupa. Vê mermo! A errada era eu?

Fiz a massagem, ela aplicou um barro no meu corpo e o negócio foi endurecendo. Eu tava a própria boneca de Vitalino, quando ela disse que já estava no ponto. Não sabia se ela ia me pintar ou tirar aquela lama de mim. Sério, esses negócios de rico não dá pra mi não. Porque eu acho que a pessoa tem que acreditar para dar certo. E eu não boto fé nenhuma que péda quente vai melhorar minha circulação. Relaxar para mim é num bar, com os amigos... Aí eu esqueço de tudo, menos de alinhar a mesa com a rua. Mas isso já é outra história...

À noite, fomos jantar e estava todo mundo lá, dessa vez tudo vestido e joiado. Dei Gudinaite pra todo mundo e fingi que era tudo normal. Eu hein!

4 comentários:

  1. kkkkkkkkkkk boneca de vitalino oberta de xêxo. Tu sai de Caruaru, mas Caruaru não sái de ti. adoooooogo!
    bjos e aproveita o rilécs!

    ResponderExcluir
  2. Que horror! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Mundo muderno, Analhima. Esse povo nazoropa é tudo relax, tranqs, vida livre hahaha

    ResponderExcluir
  3. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... Tu e tuas aventuras!!! eu ri muitooooooooooo!!!

    ResponderExcluir