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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Até que a morte nos separe?

Poucas coisas devem ser tão estressantes na vida como o fim de um casamento ou mesmo de um relacionamento sério. Quem já sofreu uma perda dessas sabe que a dor é tão grande que pode nos fazer gritar e calar ao mesmo tempo. Saem tantos pedacinhos de tanta gente que, mesmo no final, quando conseguimos juntar tudo, nem sei mais se encaixamos as peças da mesma forma como eram antes, se somos as mesmas pessoas. É por isso que todo rompimento também nos rompe cruelmente.

E não nos disseram que seria para sempre? Por que criamos essa expectativa de que seria para a vida toda, até que a morte nos separasse? Pois é, ninguém nos avisou, mas a gente termina aprendendo que não é a morte do corpo que nos separa do outro, é a morte da alma, do afeto, da admiração, do desejo, da tolerância. São várias mortes juntas. Intrometendo-me nos assuntos psicológicos, dos quais sou apenas uma leitora atenta, acho que buscamos a estabilidade e não queremos nos submeter ao estresse de ficar buscando o que nem sempre sabemos o que é. Mas, se a vida é uma eterna busca, e agora? Uns se aventuram enquanto outros se acomodam. Estes últimos viverão infelizes para sempre. É pior, pode acreditar no que digo.

O desenlace é de todo ruim, mas há alguns momentos que mais parecem um estouro de lâminas a nos ferir de dentro para fora, como se tudo em nós já estivesse ruído e precisasse ser expulso da mais castigante maneira possível. Olhar para o guarda-roupas, por exemplo, e enxergar a completa ausência é torturante, bem como o vazio de um lugar à mesa, da vaga na garagem, a televisão, objetos que foram esquecidos na partida, as fotos. Ai, as fotos...

Os amigos, de que lado estarão? Salvo exceções, a maioria permanece do lado do homem, tenha ele ficado ou partido. Pode olhar e ver ao seu redor, não sei se é machismo, mas, na maioria dos casos, a mulher fica com a família e o homem com o ciclo de amizades. E, note, há amizades que também se rompem com a separação, pois só faziam sentido quando o grupo estava todo junto. Após uma dura jornada que pode incluir litígio, acusações, chantagens e briga por dinheiro, entre outras coisas ruins que fariam você franzir o corpo inteiro só de lembrar, o mar vai se acalmando. E, então, todos estaremos prontos para a próxima. NÃO, NÃO E NÃO! Que o destino nos livre de passar por isso outra vez.

Para nos consolar, há os amigos fiéis, alguns tragos de sua preferência, as rezas (para quem nelas acredita) e a frase consolo de toda separação: “O tempo é o senhor da razão”. Ai que raiva dela... Nem lembro quem foi o primeiro a dizer isso, mas eu gostaria de desdizer: o tempo não é o senhor da razão, nós é que mudamos as nossas razões com o passar do tempo.

Um comentário:

  1. Muito bom, mesmo eu não tendo passado por algo do tipo. Não sei se, ao passar, me sairei bem, ou me lascarei de vez..hahaha

    Beijo

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